Confiança
Parte Um
Idade de Maquiavel na História: 15 Anos
Observação: Esse Filler é continuação direta de Olhos do Destino.
Meu cabelo voava ao sopro de um vento frio enquanto meu corpo descansava no tecido macio de meu sofá branco. Minha face, naturalmente neutra e cheia de frieza, esconde pensamentos agitados que fervilham dentro de minha cabeça. Imagens de ontem invadem a mente, invocando os sentimentos de quando matei uma pessoa com minhas próprias mãos.
Quem dera essa fosse a primeira vez que sujo meus dedos de vermelho.
Os sons de passos me acordam, trazendo meus pensamentos para realidade que me toca com uma mão quente e delicada em meu ombro. Olho para o lado, percebendo o rosto pálido de uma garota me observando com um acanhado sorriso traçado em seus lábios. Suas vestes eram simples, não destacam suas curvas tão bem quanto deveriam. Uma camisa de pano azul marinho e uma calça jeans escurecida.
Ela se adianta e vai aos poucos para mais perto de mim. Nossos corpos acabam se tornando intimamente próximos quando seus olhos enxergam, por trás de meu ombro, um papel que estou segurando. As palavras nele estão bem desenhadas, com uma caligrafia precisa e bastante artística. Era minha letra escrevendo sobre minhas indagações e conclusões sobre o atentado que sofremos.
Nossa proximidade era nada incomoda, permitindo que ela também lesse minhas teorias em um silêncio agradável aos meus ouvidos. Ao terminar a garota voltou ao seu canto, expressando um leve riso de orgulho que quebra, mesmo que minimamente, o voto de mudez que aqui se instalará. Um suspiro ganhava vida de meus lábios gelados enquanto um par de meus dedos ajeitava os óculos em minha cara.
As vestes que me cobriam eram uma evidente contrapartida ao estilo dela. A camisa era social, tendo um total de cinco botões. A calça era marrom e com uma assinatura formal suficiente obvia mesmo para o olhar mais desatento. Os sapatos, seguindo o ritmo dessa dança, eram um cano longo escuro. Jogo a folha, antes em minhas mãos, de maneira desajeitada perante a mesa que se encontra á alguns metros de mim.
A jovem ao meu lado se levanta, colocando seu cabelo ruivo entre os dedos de forma delicada, quase como se estivesse pensando em seu próximo passo. Sua boca se mexia caladamente, incapaz de formar uma palavra sequer. Segundos se passaram e me peguei fisgado em sua imagem, contemplando seus detalhes antes que o silêncio fosse assassinado mais uma vez com breves palavras.
- Então, Maquiavel... Acredita que o Samurai na verdade era um Ninja da Folha disfarçado que queria colocar a culpa de minha morte no País do Ferro com o intuito de fermentar o confronto entre as duas potências?
A garota sorriu quando afirmei, com um leve balançar de minha cabeça, que a mesma havia compreendido bem minha dedução antes de continuar.
- O objetivo deles era se apoderar de meus olhos. Uma vez que apenas minha família e o alto escalão sabem de sua existência, significa que esse ataque foi alimentado de informação interna.
Levanto – me, a encarando por um segundo antes de respondê-la de maneira tímida e palavras que quase não vieram à vida.
- Exatamente, Asami.
- O próximo passo é simples então, você me acompanhará no meu dia á dia. Quem tentou essa vez, não desistirá com facilidade. Vamos usar sua ambição contra ele próprio. – Brindava a ruiva ao ar, expressando uma coragem latente em sua voz e uma determinação de fogo em seu olhar.
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Minha amiga já havia saída de meu lar á um bom punhado de minutos enquanto á fiz uma promessa de encontrar a mesma em sua casa ainda essa tarde. Eu estava em um quarto afastado de minha casa. O aroma de madeira arcaica e morta enchia minhas narinas e irritava minha garganta. Correntes poderiam ser vistas ligadas á uma parede ao fundo, velhas e enferrujadas. Algo ficava preso aqui algumas noites, ameaçando espalhar sua sede para fora dessa porta de madeira.
Algo que um dia chamei de mãe.
Afastando essas lembranças da mente, dei meia volta e comecei a planejar minha ida á casa de Asami.