[Filler Simples] Aniversário de Morte

A casa grande sempre parecia vazia. Mesmo quando eles ainda estavam vivos, respirando. Aquela noite ainda ecoa em meus pensamentos quando vou dormir. Ás vezes ainda tem pesadelos com a cena acontecendo em câmera lentas repetidas vez até o ponto de que tempo e velocidade perdem seu significando e á me só reste seu significado. Minhas mãos inundadas de sangue e seus cadáveres frios e vidrados me olhando... Julgando-me mesmo em seu leito de morte.
Acordo nessa parte. Sem gritos, sem nenhuma cerimônia. Apenas fico deitado, sentindo a seda branca tocar delicadamente a pele pálida que possuo. Olhando para o alto e vendo imagens borradas devidas está sem meus óculos. Poderia esticar meus braços e os pegar em meu criado mudo de madeira articamente bem desenhado e trabalho. Mas, sendo franco comigo mesmo, falta – me vontade.
Mantenho – me estático na cama, com minhas mãos acariciando o lençol que cobre meu corpo e me defende do frio de uma madrugada silenciosa e nula de estrelas. Sozinho, ouvindo os suspiros inexistentes de um ambiente governado pela mudez interrupta. Decido fechar meus olhos em um movimento brusco, deixando a escuridão envolver os sentidos e me levar para longe dessa realidade.
Segundos se passam ou talvez, minutos. Já perdi essa noção básica.
Abro meus olhos, deixando a luz lentamente trazer – me novamente para o mundo real. Tiro o lençol de cima de mim de forma gradual, sentindo em meus poros que a frieza da madruga fora substituída pelo calor latente do amanhecer. Meus pés de uma vez abraçam o chão, sendo vitimas de um rápido choque térmico.
Observo minha janela aberta por instantes preciosos, contemplando a calmaria que se tem no fugaz momento que as pessoas estão entre dormir e acordar em suas casas e lares. Dou meus primeiros passos, ainda acordando meus sentidos enquanto coloco os óculos em minha face desajeitadamente.
As informações do que tenho que fazer vem de maneira lenta para minha mente. Hoje é um dia sem missões e tão pouco, treinamento. Não há nada de importante para se realizar nessas fugazes vinte e quatro horas de minha vida. Apenas uma data, comum como qualquer outra. Dispensável como qualquer folga indesejada.
Quem está sendo enganando por isso?
Hoje é uma data importante. Era somente olhar para o calendário em meu quarto para lembrar-se da cruel realidade que tanto suja minhas mãos de sangue no pesadelo.
O dia que matei meus pais.
Voltei para a cama, enfiado o meu rosto no travesseiro como se ainda fosse uma criança pequena.
Deixei o sono me levar de novo.